"2011 será de grande clarificação, de que o País bem precisa"
Oque o levou a aceitar o convite para a Comissão de Honra da candidatura do prof. Cavaco Silva? Porque é o melhor candidato e porque sempre tive uma grande consideração por ele. Foi meu professor na faculdade e fui membro do seu Governo. Temos uma relação pessoal muito boa. O que não impediu que alguns sectores da direita o tivessem pressionado para se candidatar a Belém contra ele...
Eu não escondo nem nunca escondi ao prof. Cavaco que estava em desacordo com ele nomeadamente na promulgação do diploma do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Quanto às pressões, a candidatura foi uma questão que nunca coloquei a mim próprio.
A situação do País também reunificou a direita?
Não posso falar pelos outros, mas o momento que vivemos é muito difícil. O País tem um défice tão grande de estadistas, quer no Governo quer no Parlamento, que essa é uma razão suplementar para que Cavaco Silva continue na Presidência. Olho para o actual Presidente, que é muito institucionalista, como um seguro para o País. Neste momento, a grande prioridade é a sua reeleição. E será reeleito à primeira volta.
O PR podia ter exercido mais a "magistratura de influência" a bem do País se não tivesse optado pela "cooperação estratégica" com o Governo?
É uma pergunta difícil de responde. Admito que ele tenha feito muito para ser parte da solução dos problemas do País. No Orça- mento do Estado teve uma influência fundamental, tal como há dois anos foi o primeiro a chamar a atenção para a situação económica e financeira portuguesa. O segundo mandato será mais interventivo?
Se a regra estatística se mantiver, sim [risos]. Será sobretudo um mandato difícil devido à conjuntura social e económica. Em abstracto, um segundo mandato é menos condicionado, é mais autêntico, já não é táctico, é mais estratégico.
É provável que o segundo mandato presidencial arranque com uma crise política?
A probabilidade é muito elevada de que assim aconteça. Estamos num período de moratória constitucional, estão todos à espera uns dos outros. Até o acordo que foi feito para o OE é para um futuro desacordo... O ano de 2011 vai ser um ano de grande clarificação, de que o País bem precisa. E, na minha opinião pessoal, terá de se chegar a eleições. Qualquer solução de futuro passa pelos partidos, mas não pelo actual primeiro-ministro, que é uma fonte de problemas. Com outra pessoa, até podem encontrar-se soluções no actual quadro parlamentar.